Partilhada com vilas e olivais, a região do Tejo está localizada bem no coração de Portugal. Essencialmente ligada à produção de vinhos de elevada categoria, esta região é feita de apaixonados produtores, conhecidos por todos os cantos do país pela sua energia e determinação.

Homenageada pelo rio que marca a sua paisagem, a região foi, até 2009, conhecida como Ribatejo. Atualmente, a viticultura estabeleceu as suas raízes de vez e um conjunto de terroirs determinam a economia da região.

Na verdade, este é o momento perfeito para descobrir mais sobre os hectares que produzem os vinhos que tanto adoramos!

Legado e História

No decorrer da história, são incontáveis as referências aos Vinhos do Tejo, sendo a região considerada uma das mais antigas produtoras do país. Desde quintas que pertenceram a famílias nobiliárquicas a vinhas centenárias, o património da região associado à cultura vínica é incontornável. Podemos dizer que esta história se perde no tempo, visto que a existência das vinhas é mesmo anterior à própria nacionalidade portuguesa. 

Aliás, temos a certeza que não conhece por inteiro a fascinante relação que as margens do rio Tejo têm com a produção de vinhos. Sabia que a arte de se produzir vinho nesta área remonta a 2000 a.C.?

É verdade, foi na altura dos Tartessos que a plantação da vinha se iniciou. Além disso, também os romanos tiveram um papel fundamental na implementação de técnicas de produção de vinhos nas margens do rio Tejo.

Já o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, tem uma ligação especial com os Vinhos do Tejo. Reza a história que o mesmo referiu estas produções na Foral de Santarém, que data de 1170. Mais tarde, no século XIII, dá-se o culminar do comércio das produções, com 30.000 pipas a serem enviadas apenas para a Inglaterra. Muitos anos depois, em 1989, as produções passam a ser regulamentadas com as Indicações de Proveniência Regulamentada para vinhos da região e, em 1997, a Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo é fundada.

Vinhos do Tejo | Viva o Vinho

Esta comissão é substituída, em 2008, pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo e seguiu-se da criação da Rota dos Vinhos do Tejo.

A região do Tejo, nos dias de hoje, constitui cerca de 17 mil hectares de terreno, representando uma produção anual de 650 mil hectolitros, 10% da produção no país. Destes valores, 110 mil hectolitros são alvo de certificação, 90% dos mesmos estando distinguidos com a Indicação Geográfica Protegida (IGP), enquanto que 10% têm Denominação de Origem Controlada (DOC).

Características do Terroir do Tejo

Pelo clima moderado e a versatilidade dos solos, os terroirs do Tejo possuem um alto grau de adaptabilidade. Se por um lado os solos xistosos e as areias na margem esquerda do rio sofrem de fraca produtividade, os solos de aluvião e os argilo-calcários vieram salvar este panorama.

Devido às planícies que, periodicamente, são inundadas pelo rio, os solos de aluvião são extremamente férteis. Por outro lado, é nos solos argilo-calcários que se reúne a maior parte das vinhas e olivais da região devido à irregularidade dos campos, fruto da alternância entre montanhas e planícies.

Vamos tornar o assunto ainda mais interessante ao lhe confidenciar que a região se divide em três zonas dedicadas a diferentes tipos de produção: a Charneca, o Bairro e o Campo.

Charneca

Apesar desta zona não ser a mais produtiva, devido às características secas do seu solo e às temperaturas elevadas, estes terrenos ainda têm potencial na produção de vinhos brancos e tintos.

Localizados na margem esquerda do Tejo, com direção a sul estendendo-se até ao Alentejo, os solos são essencialmente arenosos, o que se reflete na complexidade das uvas e, consequentemente, dos vinhos.

Bairro

Este terroir distingue-se no cultivo de castas tintas e localiza-se a norte do rio Tejo. Pela sua divisão em solos argilo-calcários e xistosos, as videiras são capazes de estabelecer as suas raízes no terreno a um nível mais profundo.

Para além disso, as terras são consideradas altas, compostas tanto por colinas como por vastas planícies, o que confere uma riqueza inigualável aos solos que as constituem.

Campo

Exatamente nas margens do rio Tejo, estes terroirs são alvo de um clima mais marítimo que influencia na frescura e na acidez dos vinhos aqui produzidos. Porém, o que mais caracteriza estes solos são as inundações periódicas que lhes conferem um alto índice de fertilidade. Ideal para a produção de vinhos brancos, estes terrenos em planície exigem uma viticultura extremamente precisa.

 

Principais Castas do Tejo

Facto bem curioso: em todo o mundo existem cerca de dez a vinte mil castas, porém, apenas cerca de quinhentas são efetivamente cultivadas pelo homem. A região do Tejo, reconhecida pela junção de castas nacionais a internacionais, reúne algumas das mais emblemáticas!

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No que diz respeito aos vinhos brancos do Tejo, são utilizadas desde a Chardonnay e Sauvignon Blanc até Arinto. Porém, a casta nacional Fernão Pires distingue-se das demais pela sua elevada produção.

Esta casta branca é excecionalmente versátil e não só está presente nos típicos vinhos brancos, como também em frisantes e licorosos. Além disso, caracteriza-se por ser frutada e com acidez média.

Por outro lado, quando o assunto é vinhos tintos, esta região aposta igualmente em diversas castas como é o exemplo da Alicante Bouschet, da Syrah e da Touriga Nacional. A Trincadeira revela-se uma casta emblemática, enquanto a Castelão se assume como a mais expressiva da região.

 

Características dos Vinhos

Reconhecida pelos seus esplêndidos vinhos, a região do Tejo apresenta uma versatilidade imensa nesta produção. Criando vinhos únicos, repletos de particularidades, estes terroirs são o abrigo de castas escolhidas e cultivadas meticulosamente, o que se reflete em alguns dos vinhos mais vibrantes do país.

Desde brancos a tintos, sem nunca deixar esquecer os licorosos e os espumantes, o equilíbrio das produções do Tejo é admirável, com uma vasta oferta para todos os gostos e carteiras.

Vinho Branco

Caracterizados essencialmente pelos seus aromas frescos e bastante ricos, os vinhos brancos do Tejo distinguem-se pela diversidade de castas que apresentam, essencialmente Fernão Pires e Arinto.

Vinho Tinto

Do ponto de vista histórico, os vinhos tintos do Tejo sempre foram associados à utilização exclusiva de castas nacionais. Porém, nos dias que correm, um dos traços mais marcantes destes vinhos é o facto de serem conjugadas castas internacionais com nacionais na sua produção.

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Vinho Rosé

Um dos vinhos mais trendy do ano, o Rosé também é produzido em algumas zonas do Tejo, principalmente no Campo e na Charneca. Apesar da aposta nestes vinhos não ser a mais expressiva, a verdade é que os Rosés da região são um sucesso em todo o país.

Espumantes

Igualmente produzidos nos terroirs do Tejo, os espumantes caracterizam-se pelos métodos de produção utilizados, que culminam na sua efervescência tão característica.

Frisantes

Os frisantes, com produção preferencialmente no Campo, são menos gaseificados que, por exemplo, os espumantes. Além disso, podem ser mais ou menos doces, fator diretamente relacionado à quantidade de açúcar utilizada.

Licorosos

Bem mais doces e alcoólicos que os restantes vinhos apresentados, os licorosos são igualmente produzidos no Tejo, principalmente na Charneca e no Campo.

Colheita Tardia

As colheitas tardias, tal como acontece em castas como a Fernão Pires, são dependentes do amadurecimento natural das uvas, de maneira ao teor de açúcar ser mais acentuado. Presentes no Bairro, na Charneca e no Campo, estes vinhos são uma das apostas da região.

Mercado dos Vinhos do Tejo

A crescer nacional e internacionalmente, os vinhos do Tejo vêm um futuro promissor! Só nos últimos tempos, estes vinhos têm sido alvo de inúmeros prémios e distinções que comprovam a qualidade destes produtos.

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Efetivamente, os números não mentem e o progresso dos vinhos do Tejo promete. Este crescimento, pautado pelo reconhecimento da região, refletiu-se num aumento de 76,26% na certificação de Vinhos do Tejo no primeiro quadrimestre do ano, por comparação ao respetivo período em 2019. Por conseguinte, a CVR Tejo certificou cerca de 10,4 milhões de litros de vinho.

Fora do país estas produções também dão cartas, sendo distinguidas em provas como a Wine Enthusiast, de Roger Voss. Nesta prova, doze vinhos de nove produtores do Tejo ficaram classificados entre os 90 e os 93 pontos.

Além disso, nada melhor que dar a conhecer os vinhos do Tejo nos quatro cantos do mundo! Isto foi possível em 2018 com a iniciativa TAP Wine Experience, na qual, durante três meses, cinco produtores da região do Tejo entraram a bordo desta aventura e incrementaram a sua internacionalização.

De facto, o cenário apresenta-se bastante favorável e os produtores dos vinhos do Tejo não medem esforços para os levarem mais além. O reconhecimento pelas produções da região cresce e a região é, hoje, tida como referência no universo dos vinhos portugueses.

 

Enoturismo cresce na região

Região recheada de história e cultura, o Tejo conquista pela sua beleza natural e rural. Atraindo turistas de todo o mundo para as suas terras, o enoturismo assume-me determinante para a região.

De facto, as propriedades seculares que em toda a sua história se mantiveram ligadas à produção de vinhos, estão, ainda hoje, na pertença das novas gerações familiares. Ligadas ao alto respeito pela natureza e à sustentabilidade, permanecem na aposta da cultura das vinhas. Com isto, a região encontra-se indissociável da produção dos néctares do Tejo, atraindo imensos turistas interessados pelo assunto.

Por isso, surgem iniciativas como a Rota dos Vinhos do Tejo, um roteiro com uma abordagem gastronómica e cultural, mas sempre com o vinho como temática primordial. Por outro lado, a gastronomia da região também é célebre, perfeita para ser harmonizada com o seu vinho do Tejo favorito.

Para além disso, a zona é igualmente reconhecida pela importância histórica de Tomar e dos Templários, principalmente por ser o local onde se pode encontrar o Convento de Cristo, Património Mundial da UNESCO.

Vinhos que provamos e gostamos

Admiramos não só a qualidade dos vinhos do Tejo, mas também o esforço e a paixão que os seus produtores colocam todos os dias no seu trabalho. Na verdade, a região produz alguns dos nossos vinhos prediletos que listamos para si:

Bridão Reserva Tinto 2016

Casa Cadaval Pinot Noir 2017

Quinta da Lapa Syrah Reserva 2016

Conde Vimioso Reserva Tinto 2017

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