Reconhecido internacionalmente pela sua forte ligação ao universo vinícola, desde cedo que Portugal se associa a estes néctares pelas suas produções de qualidade, mas também pelo forte vínculo histórico que possuem. Criadores de alguns dos melhores vinhos do mundo, graças às características do país e aos particulares métodos de produção, aqui o típico Vinho do Porto ou até o tradicional Vinho do Tejo conquistam paladares por todas as partes do globo.
Com uma forte vocação para este universo, realmente os números não deixam mentir: para além de que, segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), Portugal se encontra entre a liderança mundial do consumo, produção e comercialização destes néctares no decorrer de 2020, também o ano de 2021 tem vindo a demonstrar resultados promissores.
Portugueses na vanguarda vitivinícola
Inserido num contexto desfavorável graças à pandemia, o ano de 2020 contornou as baixas expectativas e, ainda que com recuos quando comparado a 2019, conseguiu obter números bastante animadores no que diz respeito ao setor vinícola em Portugal. Quem o diz é a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) que, através do seu relatório “O Estado do Setor da Vitivinicultura Mundial em 2020”, analisou de forma abrangente o percurso deste setor por diversas partes do globo.
Um dos dados em que os portugueses mais se destacaram foi exatamente no consumo de vinho entre os habitantes, um padrão que já se vem a comprovar ao longo dos anos. De facto, o consumo mundial de vinho no ano passado correspondeu aos 234 mhl, o que representou uma diminuição de 3%, ou seja, 7mhl, quando comparado ao ano de 2019.
Por sua vez, com a União Europeia a representar 48% do consumo mundial, Portugal garantiu o seu estatuto neste cenário ao apresentar um decréscimo no consumo de vinho de apenas 0,6% em relação a 2019. Isto significa que em 2020 cada português com idade superior a 15 anos bebeu cerca de 51,9 litros de vinho. Assumindo uma posição de claro destaque, seguem-se países como a Itália (46 litros), a Suíça (35,7 litros), a Argentina (27,6 litros) ou até a Suécia (27 litros).
Também a área de vinho apresentou números surpreendentes, constituindo os 7,3 mha mundialmente, número estagnado desde 2017. Deste número, a vinha da União Europeia representa 3,3 mha e a portuguesa indica os 194 kha, o que significa uma redução de 0,2% em comparação a 2019.
Já a produção de vinho como um todo apresentou um crescimento de 1% em 2020, atingindo os 260 mhl, dos quais Portugal representou 6,4 mhl, ou seja, um decréscimo de 2%.
Por fim, devido à crise originada pelo COVID-19 que se estendeu a diversos setores, o universo vitivinícola não conseguiu escapar a um decréscimo nos valores das exportações. Assim, com uma redução de comercialização de vinho em volume de 1,7%, este resultado das exportações mundiais refletiu-se em praticamente todos os países. Entre os que contornaram o cenário encontram-se os Estados Unidos da América, a Argentina, a Austrália e também Portugal, que viu as suas exportações aumentarem em mais de 5%. Do tipo de néctares comercializados por Portugal destacam-se os vinhos engarrafados, que fizeram parte de 81% das exportações do país.
Um futuro promissor
Mais uma vez distinto no panorama mundial, Portugal encerrou 2020 com chave de ouro e iniciou o presente ano já a dar muito que falar. Na verdade, segundo a ViniPortugal, o país começou o ano com exportações de vinho a chegarem aos mais de 120 milhões de euros, o que representa um crescimento de quase 3% quando comparado ao mesmo período de 2020.
Garantindo-se, assim, como um dos principais mercados de vinho mundiais, dos quais países como França e Canadá também fazem parte, Portugal garante um futuro promissor no que a este setor diz respeito.
Porém, uma das maiores fraquezas dos portugueses reside no seu método de compras de eleição que ainda se restringe às formas mais tradicionais de comércio.
De acordo com a pesquisa Portugal Wine Landscapes 2021, os retalhistas Continente e Mercadona foram os espaços que os portugueses escolheram com mais frequência para adquirirem as suas produções de eleição no decorrer de 2020.
Por sua vez, o setor do e-commerce ainda não está tão presente entre os compradores já que, segundo um estudo realizado pelo Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia, foi indicado que houve um crescimento de 6% nas compras online de vinhos no decorrer de 2020, números que não superaram as expectativas. Será que em 2021 o cenário vai ser diferente?
Consumo no Brasil
Também o Brasil está a dar cartas no que ao vinho diz respeito comprovando as expectativas do país para 2020, de acordo com a pesquisa desenvolvida pela OIV.
Com um crescimento do consumo de vinho em mais de 18%, os dados indicam que cada brasileiro tenha bebido cerca de 2,6 litros, um aumento face a 2019. Quando comparado a Portugal, isto significa que cada português consome 69 garrafas e um brasileiro consome 3.
Por outro lado, o mercado de vinho brasileiro faz parte de 2% da produção mundial. Apesar de representar uma pequena parcela, este negócio está em notório crescimento no país, mais especificamente de 360 milhões de litros de vinho em 2019 para 430 milhões em 2020.
De facto, Portugal parece não se desligar da sua grande relação cultural com o universo dos vinhos, o que se reflete não só em números como as exportações, mas principalmente na forma como estes hábitos de consumo são implementados de geração para geração. Além do mais, com o ano de 2021 apenas no começo, o futuro já se demonstra promissor para um país que aposta na inovação, sem nunca esquecer a sua tradição.
