A última safra europeia foi marcada por contratempos e adversidades climáticas. O clima europeu esteve bastante alterado, com geadas em plena primavera, chuvas muito intensas no verão e ondas de calor no inverno. As produções mais atingidas foram as francesas e italianas, e a safra de 2021 foi considerada uma das piores da história.

Desde a última década, os invernos europeus têm sido mais quentes, certamente devido ao aquecimento global. Isso provoca um fenômeno conhecido pelos produtores como “falsa primavera”. As ondas de calor que acontecem ao final do inverno — ou a falsa primavera — faz com que as vinhas sejam estimuladas a brotarem precocemente. Isso significa que ainda no mês de março, antes que a primavera chegue, as vinhas já possuem brotos. O problema é que nos meses seguintes, abril e maio, a probabilidade de ocorrem geadas é muito grande.

Essa probabilidade se concretizou nesse ano. No mês de abril, só a produção francesa teve uma perda de 20 a 70%. Em junho e julho, algumas regiões da Europa ainda foram atingidas por fortes chuvas, completando todo o prejuízo da safra 2021. Os vinhedos que não foram destruídos no momento da tempestade pelo impacto do vento e da água tiveram doenças fúngicas devido à alta umidade.

A pior safra em 40 anos

A produção de Portugal parece ser a única a conseguir manter seus parâmetros razoavelmente estáveis. O Ministério da Agricultura francês estima que essa última safra tenha sido a pior em 40 anos. Na Alemanha, além de todos os acontecimentos climáticos citados, os vinhedos ainda foram atingidos por enchentes. Na Itália, a queda na produção foi estimada em 9%. Tudo isso certamente impactará nos preços dos vinhos europeus e, consequentemente, na importação para o mercado brasileiro.

As adversidades climáticas europeias — e globais —, foram, portanto, somadas aos impactos que o mercado de importação já vinha sofrendo desde o início da pandemia do novo coronavírus. A escassez de diversas matérias primas durante a pandemia afetou, também, a produção de vinhos. O mercado europeu sofreu, principalmente, com a falta de madeira, que elevou demasiadamente os custos de produção. A somar, a falta de containers para transporte causou uma alta de mais de 8 mil dólares nos valores dos fretes. Portanto, o fato é que os brasileiros devem se preparar para preços altos se quiserem garantir vinhos europeus nas suas adegas.

 

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